Rafael Braga

O bater de asas de uma borboleta.

O suor arrefece o corpo e choca-o de arrepios friorentos. Nervos à flôr da pele, joelhos fracos, cabelo em pé e medo desfolegado. O silêncio não existe. No seu lugar, garras de guitarras, fortes bongos, vozes sopranas, afrontam pensamentos leves e míseros. O sangue ferve, a adrenalina descarregada no corpo consome-o. A suspiração aumenta, o peito treme de cada inspiração de odor a morte. As pernas mexem-se frenéticas e nem percorrem distâncias, o espaço encolhe e a claustrofobia dispara. O peso da gravidade é insopurtável. O grito encurralado na garganta sufoca-a por dentro durante a longa queda livre. Fracas e húmidas, as mãos não seguram cordas nem corrimão. Desconcentração total. Agoniado e descontrolado o coração bombea bombas aos ouvidos! As luzes eclipsam. Serras giram ruidosamente, os passos pesados aproximam-se, as correntes arrastadas pelo cimento ecoam no recinto fechado. Partem-se vidros. Gritos e choros. Clarões de disparos, richochetes e sons utrasónicos de balas. Tremores de terra e metais caindo violentamente nos telhados. Barulhos colusais de motores e explusões.

0 comentários:

Enviar um comentário

 

Seguidores