Rafael Braga

Uma mentira, uma omissão.

No limite da paciência,
Na barreira trespassada,
No auge da insolência,
Na fúria mais arrasada.
O interior exterioriza-se,
A memória generaliza-se,
O ódio sangra, o rancor se une,
A dor da acção impune.
Revoltas às voltas,
Palavras às soltas,
Discussões aprontadas,
Despedidas cantadas.
No limiar da paciência,
No desfalecer da inocência.
Irritante com suas tretas,
Personagem e suas letras,
Gravadas sobre a memória
Para quem goste da história.
Amizades foram corrompidas,
Corredores, alas interrompidas,
Sentimentos enxaguados,
Pensamentos molhados,
Olhares trocados
E tarde desviados.
Desavenças prematuras,
Mal cozidas por costuras.
Na linha da paciência,
Na corda da indecência,
No fio que pendura a relação,
A tesoura tem a sua tentação.
O sangue entra em ebulição,
Ferve e esvazia o coração.
...
Reabastece-se um orvalho,
Um paladar de sabor a alho,
É a culpa posta no pobre espantalho.
A necessidade de uma lamúria,
Entra em conflito com a fúria
Que desce a garganta em penúria
E enche o peito de trabalho.
Torna desconhecida a injúria.
Trepa pelos braços a solidão,
Golpeia a pele de lamentação,
Saceia em troca a maldição.
Nas trincheiras da paciência,
Nos confins da jovem carência,
O amigo que em sua ausência
Traga as boas-vindas com frequência.
Os pensamentos tornam-se secos,
Os sentimentos contornam os becos,
As desculpas terminam com os bonecos,
E frente-a-frente resolvem-se os certos.
Cacos quebrados são colados,
Das urnas seladas são os votos contados,
Novos desempenhos são lançados,
Novos laços são apertados,
Mas os mesmo fios são usados.
No convívio existem formigas,
Na amizade existem elefantes.
No desentendimento há hurtigas,
No reconciliamento há triunfantes.
No coração reina a adolescência.
Nos olhos brilha a experiência,
E na amizade paira a reverência.

1 comentários:

Unknown disse... @ 28 de agosto de 2010 às 16:20

nao chores a distancia que separa o mar e o ceu, aprecia antes a beleza da linha que os une...o magico horizonte...

beijo*

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